sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Coração, O Armário

Coração, talvez o mais famoso de todos os órgãos do corpo humano, centro das atenções, músculo que pulsa sangue, para a medicina, mas que pulsa emoções, para o linguajar corriqueiro. Coração que nos faz almejar, que nos faz fantasiar, que nos faz chorar, que nos faz ter raiva. É, por mais que sejamos racionais, frios e calculistas, lá no fundo, lá no amago de nossa estrutura corpórea, o tal coração dá a cartada final, diz como quer que nos portemos, e nós, meros instrumentos de sua vontade, cumprimos para com a nossa única função: Ser o agente que leva ao coração tudo aquilo que o mesmo deseja. Será que poderíamos comparar um coração à um armário? Inicialmente parece uma idéia insana, eu sei, entretanto se formos listar as características em comum do citado orgão para com o objetivo cóm função exclusiva do armazenamento de roupas e utensílios, iremos notar características em comum. Sempre temos mais roupas do que devíamos, assim estocadas em nosso armário, assim como temos mais sentimentos do que devíamos, estocados em nosso coração. Não quero dizer que devíamos nos tornar pessoas mais ou menos sentimentais, mas sim pretendo afirmar que muitas vezes, existem em nosso minúsculo coração, sentimentos que podem e devem ser descartados, um benefício para nossa saúde mental e espiritual. Como eu havia dito antes, possuímos mais roupas e sentimentos do que deveríamos em nossos armários e corações, logo quando procuramos algo específico, seja no armário ou no coração, ou ainda quando alguém seja lá pelo motivo qual for, abre a porta de nossos armários ou corações, há uma grande tendência de que as roupas pulem agresivamente do seu local de residência, assim como fazem os sentimentos, saltam com tamanha força de nosso peito, atirando-se ao chão, esparramando-se de forma a nos deixar dando pinotes, para conseguirmos reunir as roupas ou sentimentos, antes estocados de forma segura, ou pelo menos assim parecia.
Digamos que o processo de reorganização seja bem mais facil e lógico, quando se trata das roupas e o armário, pois não há pessoas nem sentimentos envolvidos, ou seja, temos o mero trabalho de coleta-las, dobra-las e guarda-las da melhor forma possível, é claro que se o número de roupas for grande, haverá maior dificuldade.
Falemos agora da parte mais importante, agradável e difícil ao mesmo tempo, o coração. Quando resolvemos abrir as portas de nossos corações, e os sentimentos antes guardados se jogam, esparramando-se, de forma tão avassaladora, que é extremamente complicado colhe-los de forma eficaz e rápida, e nesse processo há um grande mal, expor o tão frágil coração, ao deixar suas portas abertas. É neste momento, que fatos marcantes ocorrem, assim marcamos o nosso orgão mais famoso, de tantos e tantos contos, de tantas e tantas estórias.
Digamos que o processo de reorganização dos sentimentos sejam bem mais lentos e absurdamente mais complicado do que colher roupas. E quando conseguimos reorganizar todos os nossos sentimentos e tranca-los novamente à sete chaves no já citado orgão, esses sentimentos ficam em estado de mutação, até que se acalmem e se restabeleçam.
O maior desafio, é saber que esse estado de paz interior dentro de nosso coração é temporário, e que em certo tempo, haveremos de abrir suas portas, deixando que os sentimentos, que são como vírus, mudam sua constituição, apresentando-se de forma diferente, irão nos trazer nossas sensações, e criarão novas cicatrizes no regente de nossa vida, o coração.

2 comentários:

Mila disse...

Rô, gostei bem mais dessa proposta de blog, pq é mais próximo da nossa realidade.
Concordo com o que vc falou. No meu caso popularmente falando não é o coração que dá a carta final, mas a razão. Problema é que a razão não quer jogar fora as coisas, porque não é impulsiva. hauhaa
Estou dando idéia pra vc escrever um próximo sobre o cérebro agora ahuhaa
Bjão

Unknown disse...

Adorei a analogia que vc fez sobre o coração e um armário.
Além disso, o texto todo é belíssimo...vc sempre escrevendo coisas lindas! Tenho muito orgulho de ser sua amiga!
Parabéns pelo seu blog!
bjsssss, Patrícia