quinta-feira, 24 de abril de 2008

O Condenado

Sentei em tua mesa, comi de teu pão, bebi de teu vinho, partilhei de vossa presença, rí ao teu lado, jurei lealdade e amizade eternamente, e mesmo assim tornei-me o que sou, sem ao menos pensar nas consequências de meus atos vils e insolentes.
Me destes teto, a roupa que trajo, a amizade da qual desperdiçei. Pude servir à algum própósito, pois antes nunca tivera valor, nunca usara de minha força e poder em benefício de outrem, sempre buscando a vitória, a minha própria vitória, e contigo sobrepujei todos os meus desejos sórdidos e carnais, tornei-me gente, tornei-me vivo, mas até a isso renuncei, sem ao menos pensar o quanto tudo isto me faria falta.
Guerreei pelo bem, sim derramei sangue alheio, feri pessoas, mas aquelas que ameaçavam a paz e a quietude de um lugar pleno, de um lugar quase perfeito, lugar este construído pelas tuas mãos e governado pelo teu coração justo e bondoso.
Mas pequei gravemente, deixei-me levar pelo meu instinto, pela ganância, pelo meu lado obscuro, levantando a espada que me destes, para defender o meu lar, o meu povo. Me rebelei contra todos aqueles que me deram a vida, que fizeram-me sentir quanto é importante ser amado e reconhecido, mesmo que eu não valha quase nada, ou talvez nada.
Estou mergulhado em trevas e dor, estou entregue ao submundo das minhas paixões, estou condenado à culpa e à derrota, sou um traidor, sou o mal personificado, não há como me salvar desta sentença, que deve ser tão severa e justa, pois a lei deve ser cumprida e aplicada, por mais que eu saiba que apesar dos meus graves erros, em mim ainda confia o teu carinho, o amor de um pai, a proteção de um irmão, a compaixão de um ser humano.
Eis aqui as últimas palavras de um condenado, não à morte, pois a mesma seria tão pouco aos crimes por mim cometidos, mas à dor eterna que me acompanharás em todo lugar que eu estiver, mesmo depois de morto. Sou covarde, falta-me humanidade e hombridade em minhas entranhas, para permitir-me revelar quais são os meus crimes, entretanto a história revelará um dia à todos, transparecendo o ser digno de pena que sou. Que deus tenha piedade de minha alma, se assim eu merecer.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O Amor

Certo dia me disseram que quando mais velho aprenderia a conjugar o verbo mais importante e idealizado por todos, o verbo AMAR, como um menino comum e inocente como qualquer outro, acreditei nessas palavras, assim como se acredita na existência de tantas outras coisas, quando se é um mero garoto. O tempo foi passando, fui envelhecendo, e comecei então a entender de fato o que esse verbo transmite, a sua essência, a sua força, o seu poder, e constatei que esse verbo não é um verbo qualquer, não expressa uma atitude simples ou corriqueira, mas sim algo tão singelo e esplendoroso, como a descoberta de uma grande e bela verdade. Contudo, tal verbo tem a capacidade de inocular veneno de poder inimaginável, veneno esse que não acaba com o corpo, mas desfalece a alma, a desmenbrando, parte à parte, lentamente, como se existisse um carrasco em nosso interior, nos maltratando até que peçamos trégua ao amor.
Bom, digamos que tudo que exista seja dual, constituído da porçao positiva e da porção negativa, essa regra também se aplica ao amor, mesmo assim tudo muda, tudo se altera com a chegada do amor, transformando pessoas equilibradas, em sujeitos apaixonados e fora de si, pessoas frias, em pessoas ardentes como o fogo da paixão, vidas sem sentido em casais completamente apaixonados, uma pequena mostra de sua latente força que se engrandece ao passo que aumenta o laço entre os amantes.
O amor faz chorar, suar, faz perder a fala, faz esquecer dos problemas, faz com que queiramos viver, quando não mais existe esse desejo, faz que sejamos crianças, quando já estamos repletos de cabelos brancos como as nuvens, parece que tempo e espaço é algo incapaz de atingi-lo, quando o mesmo se faz presente e demonstra sua real força, como é belo o amor.
Porém eu já citara anteriormente que nem o amor foge à regra da dualidade, nem mesmo o amor...
Amar pode enlouquecer, pode tirar a paz, o sossego e a concentraçao, amar pode magoar, pode distanciar as pessoas, amar pode verter lágrimas da perda, saudade ou decepção, amar pode nos tornar tristes, saudosos ou rancorosos, amor pode virar perda, tragédia e morte, vide Romeu e Julieta.
Digamos que eu já conheça o Amor, embora não tenhamos grande intimidade, já fomos apresentados anteriormente, apesar de que eu note facilmente que o mesmo não deseje se aproximar tanto, causando em mim a sensação de que é melhor me manter sóbrio, já que não adianta forçar uma aproximação.
Concluo então afirmando que a face mais bela e ditosa do amor não me fora revelada ainda, e talvez nunca será, apesar disso, ainda mantenho uma pequena dose de esperança, pois creio que sem o mínimo de esperança nos tornamos vidas sem sentido, quase nos igualando à um ser inanimado, portanto ainda tenho fé. Fico feliz que um dia o amor aceitou pelo menos me cumprimentar, mesmo que rapidamente, e trocar uma ou outra palavra, mesmo que essas tenham sido levadas com o tempo, nem todos possuem o direito de o conhecerem de fato.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Um Certo Alguém( Uma Agradável Surpresa)

Conheci um certo alguém, mais precisamente uma garota, uma pequena garota, digamos que chama-la de pequena é uma forma carinhosa, pois ela é alta. Certas vezes ela se apresenta como a já citada garota, quase normal, quase comum, quase calada, sim ela fala muitas vezes com sinais e silêncio, é preciso um pouco de manejo para faze-la soltar-se, de forma a expressar o que pensas ou sente. Outras vezes ela se manifesta como um livrinho, fechando-se de forma a tornar-se inacessível, outras vezes carinhosa e surpreendente, com uma aparencia singela como a de um coelhinho, além dessas formas, ela sofre ainda outra mutação e surge como um ser sombrio e misterioso, uma vampira seria o mais próximo da imagem que ela assume neste caso.
Bom, tudo isto que eu coloquei é fato consumado, entretanto há coisas que não se enxergam à olho nú, certas coisas que exigem percepção e grande capacidade de análise, e de forma até hilária ela me entregou detalhe por detalhe de sua personalidade que a perfaz.
Isso de certo me intriga e me estimula a descobrir mais e mais, volto a repetir, apesar dela esconder-se atrás de seus mistérios e de suas senhas.
existem inúmeras pessoas que desejamos ter maior contato, amizade ou qualquer outra relação, sendo que muitas vezes atingimos esse objetivo, outras vezes não. Entretanto, existem aquelas pessoas que nada mais desejamos do que apenas uma relação amistosa e cordial, e derepente é encontrado um ponto em comum, um ponto de equilíbrio, permitindo maior contato, maior conhecimento desta outra pessoa que passa a chamar-lhe maior atenção, sim, maior atenção, talvez seja a palavra adequada ou próxima para expressar o que pretendo dizer aqui.
Surpresas nem sempre são agradáveis, no entanto outras vezes elas são bem agradáveis, o inesperado pode ser saboroso...
Uma pessoa bastante fechada, que esconde a sua real essência, a guarda de forma tão zelosa, que acaba por deixar escapar detalhes, a quem possui um olhar diferenciado, deixa claro que não usa as palavras, ou dela pouco as usa para expressar o que sente, por mais que ela tente evidenciar o que sente, ela guarda em suas páginas, em sua boca, em seus pensamentos, mas ela é nova, e não deixa de ser doce, ela só não gosta de assumir.
E assim ela segue, entre poucas palavras, olhar profundo(talvez ela fale com os olhos), risadas inocentes, e sonhos e sonhos, e meninice, e sempre à procura de respostas para as suas questões, suas dúvidas, os seus próprios mistérios.
Um certo alguem, uma ótima surpresa e mais algumas palavras minhas, ou meus pensamentos expostos, nú e crus, sem pudor ou qualquer sentimento de repressão ou timidez.