quinta-feira, 10 de julho de 2008

Um Conto dos Sete Mares


Finalmente eu acordava, após longas horas de sono, sonhos e pensamentos, muitos pensamentos. O meu dia não iniciara de uma boa maneira, pois eu sentia um grande pesar inundando a minha alma, fazendo-me sentir tão triste, tão desolado à ponto de questionar o porquê de minha existência.

Então eu resolvera abrir as cortinas de meu pequeno quarto, e não apenas as cortinas, abri também as janelas, no intento de captar alguma boa energia proveniente do sol e dos ventos que à todo momento invadiam o meu aposento, sem ao menos pedir permissão.

Havia uma pequena melhora, no entanto ainda me sentia tomado por uma complexa e misteriosa tristeza, que parecia perfurar a minha alma, assim como o punhal perfura a carne.

O dia passava tão vagarosamente, a noite pronunciava-se a sua chegada, e eu exasperado e cansado de sentir-me como um barco à deriva, decidi por caminhar até as areias do mar, na esperança que alguma positividade pudesse arrancar-me ao menos um mísero sorriso.

Após alguns breves minutos de caminhada, deparei-me com o mar, completamente deserto, pois a noite já havia tomado por completo o ambiente no qual eu me encontrava. O céu estava vermelho, anunciando um dia ensolarado

As estrelas apresentavam-se de forma magistral, combinando a sua coloração dourada com o vermelhidão do céu, de certo essa bela imagem já valera desistir do meu rotineiro sono, para estar em contato com um local tão bonito.

As ondas estavam muito bravas, arrebentando de forma arrebatadoura na praia no qual me encontrava, o silêncio permitia-me pensar e descartar todos os meus problemas e aflições.
No entanto algo ainda faltava, sem dizer quanto um súbito desejo de adentrar às bravias águas do mar. A areia desmanchava-se, enquanto eu me aproximava da água, e surpreendentemente as mesmas acalmavam-se, de tal forma, que assemelhavam-se à um tapete, de tão brandas que se apresentavam.

Havia uma energia tão pura e bela que emanava da água, haviam cores surreais que chegavam até mim, sem dizer de cantos maravilhosos que pareciam me chamar para o fundo do mar.

Queria ter certeza que não passava de minha fértil imaginação, mas era tão real, tão divino, tão arrebatador, que o meu interior desejava incessantemente que toda essa fantástica experiência fosse real.

Repentinamente surgem bolhas na superfície, e dois seres incríveis se apresentam, era fantástico, uma mistura de homem e peixe, peixe e homem, mais conhecidos como tritão e sereia.

Ele possuía uma aparência fantástica, longos e claros cabelos, altivo, mas sutil ao mesmo tempo, seus olhos transmitiam grande força, honra e bondade. Enquanto a sereia possuía inimaginável beleza, cabelos longos e escuros como a noite, tinha um ar de inocência e um rosto angelical,

Sem dúvida esse seria o mais lindo dia de toda a minha existência. Após uma longa troca de olhares entre os três, eles ofereciam-me suas mãos, como um convite ao mundo submarino. Devo admitir que sentia medo, pois obviamente eu suportaria pouco tempo sem respirar no fundo mar, mas nada me importava mais, eu trocaria todo o resto de minha vida por tamanha experiência.

E assim submergimos nas frias e límpidas águas do mar, e outro detalhe incrível deixou-me ainda mais perplexo, ao submergirmos, as ondas voltaram a arrebentar com fenomenal força, talvez ainda superior à outrora.

Nos encontrávamos a alguns minutos submersos, e em instante algum eu sentira falta de ar, tudo isso não possui qualquer explicação plausível.

Os dois me tomavam pelos braços, cada um segurando em um dos braços, e sorriam toda vez que alguma dúvida surgia em minha mente, parece que liam meus pensamentos.

Os animais aquáticos o seguiam, peixes, golfinhos, polvos, dentre outros. Parece que eram vistos com profunda admiração por todo e qualquer ser.

Nadamos durante vinte ou trinta minutos, eu não possuía noção alguma da profundidade em que nos encontrávamos, e realmente isso já não possuía importância alguma.

De repente, senti novamente a presença de uma pura energia, a mesma que eu sentira quando os encontrei, mas parecia ainda mais forte, muito mais forte, e ainda mais concentrada.

Deparei com um portal luminoso, e tal liberava uma gama de cores incríveis, era tudo apaixonante, eu sentia-me agraciado por estar em um lugar tão exuberante.
Então o portal foi aberto, não havia mais água, e os seres aquáticos que até aqui me conduziram, não mais possuíam nadadeiras, escamas ou guelras. Andavam assim como eu, um humano.

Os meus olhos arregalavam-se com as suas mudanças, era incrível. Resolvi perguntar por seus nomes, e eles apenas sorriam de forma muito doce. Fui conduzido até um imenso portão, feito de um material muito parecido com o cobre, o seu tamanho era majestoso e imponente, muito maior que um homem. Senti-me pequeno diante de um lugar tão perfeito.

Eis que abre o portão, os meus novos amigos, assim os considerava, me encaminharam ate um homem, um senhor de longa barba, olhos da cor do mar, cabelos brancos e longos, sua vestimenta era muito semelhante aos trajes gregos. Esse senhor exalava nobreza, seriedade, justiça, altivez e agia de forma muito polida e ponderada.

Após muito nos olharmos, eis que ele me surpreende e fala como um humano.
- Muito bem vindo, jovem, a sua visita é uma grande honra para o nosso povo.
Permita-me que me apresente: Sou Jahhor, o rei deste humilde povoado. E ti, filho, como se chama?

Tremulamente, consegui pronunciar algumas poucas palavras:
- Me chamo Nestor, e simplesmente me sinto agraciado por estar na presença de seres magníficos e de tão pura energia, como vocês. Permita-me mais duas perguntas. Os amigos que me trouxeram falam? E quais os seus nomes?

Então responde o nobre rei:
-Sim, jovem, eles falam, assim como eu e meu povo. Apresentem-se ao Nestor, por favor.
Primeiramente dirigiu-se à mim o tritão.
-Chamo-me Razzor, e senti-me atraído pela sua energia muito ligada às profundezas do mar, por isso pedi permissão ao nosso líder, para que o trouxesse aqui.

Após Razzor, a sereia dirigiu-se até mim e pronunciou-se:
-Chamo-me Kyor, e me sinto privilegiada em ter a chance de conhecer um humano de bom coração, como você, é tão raro que uma energia tão pura,proveniente de um humano chegue até nós.

Eis que resolvi arguí-los sobre todas as dúvidas e questões que arrebatavam o meu ser, e gentilmente eles as respondiam, sempre sorrindo e de bom grado.

Após muita conversa e termos nos alimentado nos aposentos do rei, me fora dito que infelizmente eu deveria ser levado até a superfície novamente, pois eu não poderia permanecer mais do que doze horas neste reinado.

As lágrimas rolavam em meu rosto, mas eu compreendia e aceitava as suas normas. Fui então encaminhado até a saída do portal, por Kyor e Razzor, e eles novamente tinham escamas, guelras e barbatanas. Ao longo da viagem, senti-me sonolento, a ponto de não conseguir resistir e simplesmente dormir.

O dia iniciara, manhã tenra, o sol vibrava com toda a sua força e calor, o céu límpido, apenas algumas brancas nuvens que contemplavam os meus olhos ofuscados pela luz radiante do dia. E eu completamente molhado, não possuía noção alguma do porquê de encontrar-me atirado na areia.

No entanto, uma sublime sensação acalentava a minha alma. Era como um sonho, inimaginável, intangível, impossível, mas tão real em minha mente. A sensação de ter permanecido no mar, no fundo do mar, por horas a fio.

Havia também a sensação que estive na presença de alguém, mas para mim isso tudo não passa de um mero sonho, mera fantasia, porém como eu desejo que toda essa sensação fosse verdade.

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi Romullo,
Parabéns, lindo conto!!!
É isso aí, mano, é assim mesmo que se escreve. É só soltar a criatividade que ela se transforma no que vc quiser... A criatividade é uma fada, tipo: Fada Madrinha, daquela dos contos de fadas, então exatamente como nos contos, a função dela é tornar real! Isto mesmo, ela torna nossos desejos possíveis... O segredo para isto é deixar-la livre, ou seja, permitir que ela flua e nos leve para onde temos que ir. É lógico que cada um faz o seu próprio caminho, né!!! Num existe manual não, vc dá os primeiros passos e deixa acontecer...
Bom vejo que vc que já escolheu o caminho e igualmente já deu os primeiros passos, melhor dizendo, que já andou o bastante!!! Portanto agora é só acreditar, para que aconteça.
Escreva, e escreva o quanto desejar, no mais o universo vai fazer. Que é brilhar a tua Luz para ela acenda os corações daqueles que ainda não possuem luz própria. Por isso acredite sempre no seu Dom e faça o que lhe agrada.
Um abraço e tudo de bom.

Unknown disse...

Este conto virou o meu favorito!

Muito bom, adorei Romulitu!

Continue escrevendo, pois vc está se superando cada vez mais!

bjsss

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

Vc é especial e sinto-me feliz por ter sua amizade! Bjsss!